STAREPRAVO, A. R. A multiplicação na Escola Fundamental 1: análise de uma proposta de ensino. 2010. 262p. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo: São Paulo, 2010. Orientador: Lino de Macedo.

Tese de doutorado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, área de concentração: Ensino de Ciências e Matemática.

Pesquisa qualitativa sobre o ensino e a aprendizagem de matemática, cujo objetivo foi o de propor uma metodologia, fundamentada no construtivismo piagetiano, para ensinar multiplicação nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

A observação de que o ensino desse conteúdo, em muitas escolas, privilegia a memorização da tabuada e a aplicação de algoritmos, em detrimento da compreensão, mobilizou uma investigação sobre como organizar o ensino dessa noção privilegiando o desenvolvimento da racionalidade e a aquisição de competências que transcendem o âmbito da matemática.

Para isso foi realizada uma intervenção de ensino, planejada e desenvolvida pela própria pesquisadora, ao longo de um semestre (21 aulas) em uma turma de terceira série de uma escola da rede municipal de Curitiba. A multiplicação foi explorada em problemas de proporcionalidade simples (situações de correspondência um-para-muitos e de arranjo retangular).

A divisão, por ser sua operação inversa, foi explorada em algumas atividades e dados relativos a essa operação foram incorporados ao estudo. As aulas foram gravadas em vídeo e transcritas em diários enriquecidos com observações e comentários da pesquisadora os quais, junto com as produções dos alunos e relatórios feitos pela professora da turma, compuseram nossa base de dados.

Na análise buscamos indicativos da ocorrência de uma interação construtiva, caracterizada por progressos nos seguintes âmbitos: relações intelectuais (compreensão das operações aritméticas em questão pelas crianças); relações sociais/morais (conquistas que transcendem o conteúdo matemático); relações didáticas (efeitos sobre o próprio processo interventivo).

Os resultados apontam para uma interação de qualidade construtiva uma vez que a intervenção teve efeito de aperfeiçoamento sobre os sujeitos envolvidos. Verificamos a substituição progressiva de estratégias de contagem por estratégias de cálculo, aquisição de competências aritméticas e interações entre as crianças (indícios de uma relação de cooperação).

Apontamos ainda para mudanças de atitudes dos alunos no que se refere às seguintes questões: envolvimento nas atividades propostas, relação com a matemática, forma de tratar os problemas apresentados, comunicação e expressão em sala de aula. No âmbito didático destacamos o tratamento dispensado ao erro, usado como estratégia didática, o papel interventivo que a avaliação exerceu no processo de ensino e a importância da escrita para a reflexão do professor sobre a sua própria prática.

Texto completo disponível em:
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-13092010-125231/publico/anaruth.pdf

Ana Ruth Starepravo

Ana Ruth Starepravo

Doutora em Educação pela USP, Pedagoga e Mestre em Educação pela UFPR. Mulher, mãe, professora, escritora, pesquisadora e apaixonada por educação, especialmente pelo ensino e aprendizagem de matemática.

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